quarta-feira, 15 de setembro de 2010

1° Parte: Fundo do Poço

Esta matéria será dividida em algumas partes devido ao seu tamanho, e importância de estudá-la minuciosamente. Atente para alguns pontos que nossa igreja é falha.
1°Parte: Fundo do Poço
Em busca da ovelha perdida
Os motivos que levam os crentes a abandonar o evangelho são discutidos com mais seriedade e despertam igrejas a traçar planos para a reconquista
Matéria da revista (Seara, 1997, Evangelismo, Marcelo Dutra) reescrita por Danelichen .V. H. M.

“A igreja é o único exército que abandona seus feridos”. A frase, de um autor desconhecido, é tida por alguns teólogos do evangelho como expressão mais forte utilizada para definir uma dura realidade das igrejas contemporâneas: atitude de boa parte dos evangélicos em relação aos que se desviaram. Ao mesmo tempo em que braços missionários se estendem para levar salvação as almas perdidas e trazê-los a casa do Senhor, uma verdadeira multidão faz o caminho inverso: sai pela porta dos fundos das igrejas.
Ao passo que as campanhas evangelísticas se sucedem, com utilização da mais alta tecnologia eletrônica das pregações televisivas, nos programas de rádio até mesmo navegando nas ondas da internet, um investimento bem mais modesto começa a interessar um segmento da igreja, preocupando em “buscar o que se havia perdido”. Esses grupos de resgate tem desenvolvido um ministério que não por acaso, lembra a ilustração contada por Jesus na parábola do Filho Pródigo. Com perdão semelhante a do pai que recebe o filho - apesar de preferido se distanciar – vão à procura dos irmãos dissidentes, sempre demonstrando amor.  
Na trilha dos que estão sem rumo, a rua pode ser a única pousada. Uma estatística mostra que boa parte dos mendigos já pertenceu a alguma igreja evangélica. Mas quais seriam as causas de tamanha degradação?Porque nem todos permanecem no caminho da fé após a conversão?
Para o teólogo Ariovaldo Ramos, é importante fazer uma ressalva ao analisar esse processo de evasão. O pastor chama a atenção para o fato de que na busca de solução para todo tipo de problemas, incluindo-se os sociais, como o desemprego e miséria, uma multidão de desesperados acaba recorrendo a igreja como se fora uma tabua da salvação: “Se essas pessoas não buscarem Jesus, e só a Ele, tendo Cristo como centro das atenções, vão acabar se decepcionando mais cedo ou mais tarde”, disse numa clara alusão ao fato de que muitos freqüentadores de igrejas evangélicas podem não ter realmente se convertido. “A presença física não é garantia de conversão”, explica.
Fundo do poço
            Presidente da Associação Missionária Evangélica Vida, em Anápolis, GO, o pastor Wildo Gomes dos Anjos, 34 anos, concorda com a tese e vai mais além. Com 13 anos de experiência a frente da missão – que visa recuperar mendigos e outros marginalizados e reintegrá-los à sociedade – o pastor crê que as campanhas evangelísticas são fundamentais, pois cumpre o “Ide” de Jesus, mas entende que pesa sobre as pessoas alcançadas uma grande responsabilidade. Segundo Wildo, elas precisam demonstrar interesse em aprender e em seu próprio crescimento espiritual: “Elas tem que alimentar da Palavra, têm que ser discipuladas, não podem só querer receber a graça, mas também procurar o conhecimento.  Muitos casos são de pessoas que receberam a seguinte mensagem de pregador da igreja: ‘Vem para Jesus e todos os seus problemas serão resolvidos’. Isso não é verdade, não é assim que funciona”. Wildo é membro da igreja Presbiteriana e responde por aproximadamente 100 internos do Centro de Recuperação da missão. A maioria das pessoas que por lá passaram ou ainda estão sendo recuperadas são ex-mendigos e – fato aterrorizador – 60% deles já foram membros de uma igreja evangélica, segundo demonstram as estatísticas. O pastor explica o fato: “Uma pessoa desviada de Deus pode chegar ao fundo do poço tentando preencher esse vazio”. A análise da situação é ainda mais precisa: grande parte desse contingente é dissidente de igreja pentecostais.
            Recentemente, pastor Wildo teve que fazer passar pelas águas um grupo de internos que já havia sido batizado. O próprio grupo chegou à conclusão de que a primeira experiência tornara-se vazia, uma vez que na ocasião, não tinha se quer conhecimento dos fundamentos bíblicos que o conduziram ao batismo. “Um deles me disse, cinco dias depois de sua entrada na igreja, os obreiros já o tinham batizado,” conta o pastor, assustado com a rapidez da sucessão de etapas pelas quais passam os novos decididos: “Algumas igrejas barateiam a fé”, denuncia.  

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